O conceito de FinOps é relativamente novo: há apenas um ano que o livro “Cloud FinOps: Collaborative, Real-Time Cloud Financial Management” foi lançado, postulando os princípios básicos da abordagem. No capítulo 1, o autor J.R.Storment discorre sobre o tema central, ou o que seria a base da abordagem FinOps, a que chama de “Unit Economics”.
A ideia é medir os gastos com nuvem em relação a uma métrica de negócios, como por exemplo, receita total, entregas feitas, assinantes pagos, pedidos de clientes concluídos etc. Escolher a métrica de negócios certa, no entanto, é um processo complexo, já que a métrica está relacionada diretamente à Unit Economics e também sustenta quase todos os pilares do FinOps, incluindo alocação e otimização de custos.
Já no início do livro, o alerta é claro:
Você deve manter as métricas de negócio em mente ao longo do livro e à medida que implementa o FinOps na sua organização. Conforme sua prática amadurece, você será capaz de implementar e ver o valor da Unit Economics
Ao pé da letra, Unit Economics quer dizer exatamente isso mesmo que você pensou: algo como “economia unitária”, ou “economia da unidade das coisas”. Parece estranho? Então vamos pensar o seguinte: qual o valor, em termos de negócio, de saber: “custa x reais para atender clientes que geram y reais em receita”? Não parece evidente que esse contexto é o ideal para um planejamento de negócios bem sucedido?
Essa é a razão pela qual a métrica de negócios é tão importante, pois muda o foco da decisão sobre o dinheiro gasto com a nuvem para a eficiência e o valor do investimento na nuvem. E esse é, basicamente, o mantra que norteia a Unit Economics, uma “era” da computação em nuvem que acabou de começar.
FinOps é um movimento natural da nuvem
Cedo ou tarde, é fato que a contabilidade financeira recairia sobre os gastos com computação em nuvem nas empresas – nada mais natural para uma economia cada vez mais baseada na alocação e escalonamento de recursos na nuvem. Como cada pequena unidade dessa nuvem gera um custo que precisa ser rigorosamente contabilizado, as organizações ao longo dos últimos anos não tiveram outra saída a não ser adequar a contabilidade financeira ao modelo de gasto variável (altamente flexível) da nuvem.
E essa é uma transformação cultural que também apenas acaba de começar, ou seja, ainda terá muito para evoluir e moldar o mercado de serviços em computação em nuvem daqui para frente.
É uma transformação e tanto: com o FinOps, cada equipe operacional, de diferentes áreas, pode acessar dados praticamente em tempo real a fim de tomar decisões inteligentes que resultam em custos de nuvem mais eficientes com relação à velocidade, desempenho, qualidade e disponibilidade de serviços. Com isso, o modelo tradicional de uma equipe de Compras identificando e aprovando custos entra em xeque. No lugar dele, uma equipe multidisciplinar FinOps adota uma série de melhores práticas na contratação de serviços, o que permite reunir tecnologia, negócios e finanças para otimizar o gerenciamento, a taxa e o desconto do provedor de serviços da nuvem.
Os 6 princípios básicos do FinOps
Os 3 elementos-chave do FinOps são compostos por:
- Monitoramento em tempo real
- Processos “just-in-time”
- Equipes trabalhando juntas
Difícil traduzir de forma literal a expressão “just-in-time”, mas basicamente se refere a processos realizados “no tempo ideal”. Aqui vale contar uma história interessante a respeito do chamado “efeito Prius”. O “Efeito Prius” é um fenômeno criado quando o carro híbrido Toyota Prius introduziu feedback em tempo real sobre o consumo de gasolina. Foi observado e documentado que um grande subconjunto de motoristas respondia aos dados dirigindo de uma maneira que reduzisse o consumo de combustível. Em outras palavras, o monitoramento em tempo real produz o efeito da mudança de comportamento necessária nas equipes multidisciplinares para a realização de processos “no tempo ideal”.
Equipes de trabalho FinOps que sejam capazes de estabelecer uma cultura de auto-governança dentro das organizações, com consciência de custos que possa promover ao mesmo tempo a agilidade contábil e de negócios necessária para gerenciar e otimizar custos enquanto equilibra velocidade e os benefícios da nuvem; não se trata de uma equação fácil. Mas é a que promove inovação em um mundo tecnológico de rápidas e contínuas transformações digitais.
Por conta dessa complexidade, o livro-referência de J.R.Storment trata dos 6 princípios básicos do FinOps:
As equipes precisam colaborar. Isso significa que as equipes de finanças e tecnologia trabalham juntas em tempo quase real, pois a nuvem opera por recurso e por segundo. As equipes trabalham juntas para melhorar continuamente a eficiência e a inovação.
As decisões são orientadas pelo valor de negócio representado pelos (caros!) recursos da nuvem. Isso significa que a Unit Economics e as métricas baseadas em valor demonstram melhor o impacto nos negócios do que o gasto em nuvem agregado.
Todos assumem a propriedade de uso da nuvem. Isso significa que os recursos individuais e as equipes de produto têm autonomia para gerenciar seu próprio uso da nuvem em relação aos seus orçamentos.
Os relatórios FinOps devem ser acessíveis e regulares. Isso significa que ciclos de feedback rápidos resultam em um comportamento mais eficiente.
Uma equipe centralizada conduz os trabalhos em FinOps. Isso significa que a automação centralizada no FinOps reduz o esforço duplicado. Por exemplo, elimina a necessidade de engenheiros e equipes de operações pensarem em negociações de taxas; ao invés disso, o foco é mantido na otimização do uso da nuvem.
Beneficie-se das vantagens do modelo de custo variável da nuvem. Isso significa que o modelo de custo variável da nuvem deve ser visto como uma oportunidade, não como um risco. Pequenos ajustes contínuos no uso/otimização da nuvem são sempre necessários.
Um ponto muito importante e por vezes esquecido é que uma prática FinOps bem-sucedida não requer implementações gigantes de nuvem ou uma conta de nuvem multimilionária. Quanto antes a cultura FinOps for implementada na organização, mais fácil e simples será tomar decisões de negócios mais embasadas sobre os gastos com a nuvem, mesmo com o dimensionamento das operações.
Não importa muito como uma empresa chega à decisão de implementar o FinOps, a primeira etapa crítica é obter visibilidade de uma maneira quase em tempo real, para que todos possam ver o que está acontecendo e detectar excesso de gastos na nuvem antes que se tornem muito grandes e fora de controle. Enquanto essa visibilidade é alcançada, as equipes FinOps começam a “educar” todo o ciclo de negócio. À medida que equipes multifuncionais trabalham juntas, o departamento de finanças aprenderá mais sobre a linguagem da nuvem, enquanto os engenheiros começarão a entender mais sobre conceitos financeiros.
O valor de começar o mais cedo possível nesta mudança cultural não pode ser subestimado, e os benefícios de uma prática FinOps podem ser sentidos e medidos quase imediatamente.
Como a Elven pode ajudar com o FinOps?
Através de nossos modelos consultivos, podemos realizar assessment para entender a situação da empresa, realizar reajustes necessários, incluindo alterações de arquitetura, e, posteriormente, suporte para que os custos de nuvem continuem controlados. Entre em contato e saiba mais sobre nossos serviços e soluções.