Existem tendências em todas as áreas, como sabemos, especialmente quando o assunto é tecnologia. Mas migrar um software para um ambiente de nuvem é muito mais do que isso. Em seu relatório de previsões para 2021, a Deloitte Insights chama a cloud computing de “megatendência da última década”. Para se ter uma ideia, mesmo com a crise gerada pela pandemia desde o início de 2020, houve um aumento na demanda pela adoção da nuvem e a expectativa é que o crescimento da receita se mantenha nos níveis de 2019 ou acima – ou seja, superior a 30% anuais – de 2021 a 2025.
Na grande maioria dos casos, migrar para a nuvem é a coisa certa a se fazer, quando a ideia é economizar dinheiro, se tornar mais ágil e impulsionar a inovação – e isso vale mesmo para um software corporativo de missão crítica
Migrar um software corporativo para a nuvem significa, em primeiro lugar, economizar custos por não haver a necessidade de comprar e manter uma infraestrutura. Além, é claro, da vantagem de usar a versão mais atualizada do sistema, uma vez que é responsabilidade do fornecedor mantê-lo sempre atualizado. E significa também que as equipes de TI – ou DevOps, como veremos mais adiante neste artigo – podem se concentrar nas tasks que agregam mais valor aos negócios.
Nos ambientes de nuvem atuais, é possível controlar onde os dados são armazenados, processados e acessados; há também o aspecto essencial da conformidade com os diferentes padrões regulatórios do setor. Na verdade, a Deloitte descobriu que a segurança e a proteção de dados são o principal motivo para as organizações migrarem suas estruturas para a nuvem.
O que leva os líderes de TI a iniciar a migração para a nuvem?
Em um outro estudo com mais de 500 líderes e executivos de TI, a Deloitte Insights constatou que a segurança e a proteção de dados são os principais motivadores para adoção da nuvem. Com 58% dos entrevistados classificando-a em 1º ou 2º lugar, a segurança é a prioridade para todos, desde executivos de TI, CTOs e líderes sêniores até gerentes de TI e desenvolvedores.
O estudo revelou ainda que ataques à segurança cibernética têm crescido em sofisticação, ao mesmo tempo em que a falta de habilidades específicas leva muitas empresas a uma verdadeira guerra para gerenciar internamente a segurança de seus dados. Por conta disso, muitos executivos de TI têm se voltado para serviços de segurança gerenciados na nuvem, com provedores oferecendo recursos e soluções cibernéticas sofisticadas com todo o potencial para mitigar incidentes de segurança.
Esses fatores sugerem que CTOs podem depender cada vez mais da experiência de fornecedores terceirizados de segurança e infraestrutura baseados em nuvem para proteger seus dados.
O segundo fator principal da migração para um ambiente de nuvem é a modernização de dados, que envolve principalmente a movimentação de dados de bancos legados para bancos mais modernos. Como os líderes de negócios precisam de análises oportunas e direcionadas sobre os dados existentes, muitos deles já contam com um fluxo de insights tendo como base a mineração de dados, exploração e análise preditiva. Cerca de 55% dos líderes e executivos de TI pesquisados pela Deloitte concordam fortemente que a modernização de dados é um componente-chave ou uma razão para migrar suas empresas para a nuvem.
O que buscar em um fornecedor de computação em nuvem?
O principal a saber é buscar um fornecedor com uma solução nativa da nuvem, ou seja: um software que já foi construído para funcionar apenas na nuvem. Note que isso é diferente de “cloud-first,” que neste contexto significa originalmente construído na nuvem e nunca anteriormente local (on-premise).
Muito poucos fornecedores de software corporativo conseguiram uma solução nativa da nuvem até agora. Muitos fornecedores oferecem hospedagem dedicada, mas não é a mesma coisa: eles simplesmente migraram seu antigo software local para a nuvem. Não há nada de errado com isso, mas não oferece tantas eficiências operacionais quanto a abordagem nativa da nuvem.
Também é preciso verificar se o fornecedor adota outros softwares em nuvem porque cada elemento de seu software corporativo precisa operar junto com outros sistemas em um ecossistema.
Os principais recursos relacionados caracterizam 3 tipos de sistemas:
1. Aberto: O software é construído usando APIs abertas para se conectar a outros sistemas
2. Flexível: O software pode ter módulos padrão, mas estes são facilmente configurados para acomodar processos especiais (sem a necessidade de escrever código, por exemplo)
3. Extensível: O software vem com um toolkit integrado para permitir que seja conectado a outros sistemas (nuvem ou on-premise) em um ecossistema.
Quais sinais de alerta estar atento em primeiro lugar
Desconfie se:
1) Seu fornecedor não fala sobre o caminho de migração
2) O software não é personalizável em uma base low-code/no-code
3) O software não está aberto para se conectar facilmente a outro software na nuvem
Contanto que esses alarmes acima não soem, é definitivamente recomendável que todas as organizações, mesmo as que operam em cenários mais sensíveis, considerem a migração para um software corporativo baseado em nuvem.
DevOps: uma nova abordagem para
o desenvolvimento em nuvem
Não seria possível falar em segurança da informação e modernização de dados sem levar em conta, além da nuvem, novas abordagens no desenvolvimento de aplicações. E é dentro desse contexto que o DevOps vem ganhando cada vez mais força. Em sua essência, e para resumir de uma forma bastante simples e superficial, o DevOps é a automação da metodologia ágil. A ideia é capacitar desenvolvedores (dev) a responder às necessidades do negócio quase em tempo real, juntamente com as equipes de infraestrutura (Ops). Em outras palavras, o DevOps surgiu para remover grande parte da latência que existe há muitos anos em torno do desenvolvimento de software.
Os links do DevOps com a computação em nuvem são fáceis de definir. Senão, vejamos:
A natureza centralizada da computação em nuvem oferece a automação desejada na abordagem DevOps, com uma plataforma padrão e centralizada para teste, deploy e produção. No passado, a natureza distribuída de alguns sistemas corporativos não se ajustava bem à implantação centralizada de um software. Usar uma plataforma de nuvem resolve muitos problemas com complexidade distribuída.
A automação está se tornando centrada na nuvem. A maioria dos provedores de computação em nuvem pública e privada oferece suporte ao DevOps sistemicamente em suas plataformas, incluindo integração contínua e ferramentas de desenvolvimento contínuo. Essa integração estreita reduz o custo associado à tecnologia de automação DevOps local e fornece governança e controle centralizados para um processo DevOps sólido. A governança mantém os devs longe de problemas e é mais fácil controlar isso centralmente através da nuvem do que colocar os departamentos sob controle.
O DevOps baseado em nuvem diminui a necessidade de contabilizar os recursos utilizados. As nuvens alavancam a contabilidade baseada no uso, ou seja, rastreia o uso de recursos por aplicativo, desenvolvedor, usuário, dados etc. Os sistemas tradicionais normalmente não fornecem esse serviço. Ao aproveitar os recursos baseados em nuvem, é muito mais fácil rastrear os custos dos recursos de desenvolvimento e fazer os ajustes necessários.
O que impulsiona a abordagem DevOps como líder na jornada para adoção da nuvem? Embora os líderes empresariais procurem corrigir seus processos de desenvolvimento de aplicações passando do waterfall para o DevOps, eles também entendem que o DevOps por si só não os salvará. A latência do investimento em capital de hardware e software retarda o processo de desenvolvimento, mesmo que seja ágil. Os desenvolvedores acabam na espera e expectativa de que o investimento em recursos seja colocado em prática antes que os aplicativos possam ser implantados.
Assim, é natural supor que o DevOps não terá muito valor sem a nuvem, como também a nuvem não terá o melhor aproveitamento possível sem o DevOps. Este fato por si só tem sido compreendido por empresas que antes acreditavam ser possível migrar de um para outro, sem que houvesse dependência entre os dois. Mas a verdade é que as dependências entre DevOps e nuvem realmente existem.
Após a adoção da nuvem, vem o novo e recorrente desafio das organizações: aprender a monitorar seus dados de forma eficiente. Chegar a insights a partir de indicadores confiáveis não é tarefa fácil, mas são cada vez mais essenciais para ajudar na tomada de decisão por parte dos Líderes de Tecnologia e Produto.
Com informações de Forbes e TechBeacon